Coluna Diálogos sobre Educação

Ó Abre Alas que a Educação Quer Passar

Coluna Diálogos sobre Educação com Adriana Frony

É chegada a época do ano onde a irreverência está permitida. O uso de fantasias, máscaras, maquiagens e adornos é quase normal para nós brasileiros e para os foliões de todas as idades. O carnaval chega fechando o verão com toda a sua exuberância, no estilo mais descontraído e democrático como sempre se viu.

Quanto às músicas, podemos ressaltar aquelas com letras pequenas e simples, de fácil memorização, muito bem-humoradas, com duplo sentido, uma pitada de ironia e, muitas vezes, abordando uma crítica social. As marchinhas, ao longo da nossa história contemporânea, divertiram crianças e adultos nos bailes de carnaval por todo o país.

Pelas vozes de Chiquinha Gonzaga, Dalva de Oliveira e Carmen Miranda, canções como Mamãe Eu Quero, Alalaô e Jardineira tiveram seu apogeu no início do século XX nas festas de Carnaval. O sucesso era tamanho que outros compositores, como Chico Buarque e Caetano Veloso nos anos 50, enveredaram por esse caminho. Mais tarde, os sambas-enredo eternizados pelas escolas de samba e o axé music pelos trios elétricos na Bahia se popularizaram nos eventos carnavalescos. Contudo, ainda cantamos com saudosismo as famosas marchinhas.

O estudo sobre as festas populares sempre esteve no roteiro das escolas onde lecionei. Seja como tema central das aulas ou como tema transversal, é muito importante estar atenta aos acontecimentos no mundo para trazer à tona conteúdos relevantes que façam sentido aos meus estudantes.

Assim como os trios elétricos, as escolas de samba e os blocos de rua, a educação também deve se reinventar, explorando a rica cultura carnavalesca em seus diversos aspectos: disfarces ou fantasias, maquiagem, dança, coreografia, organização e entusiasmo.

Oportunizar atividades sob o contexto carnavalesco é uma solução criativa e prática para a fixação dos conteúdos, tornando a educação prazerosa. Imaginem o Bloco do Letramento entrando no circuito Barra-Ondina, ou o Bloco da Divisão e da Multiplicação chegando no encontro dos trios na Praça Castro Alves? Dramatizar esses festejos fez diferença na aprendizagem de muitos estudantes que pude ensinar.

Certa vez, em um curso de capacitação para adultos escoteiros, intitulamos a experiência de Curso Folia, remetendo a uma festa carnavalesca. O tempo passou, o curso acabou, mas muitos dos alunos ainda se recordam com alegria dos momentos divertidos que tiveram, aprendendo brincando.

A utilização dos temas transversais em sala de aula traz leveza e riqueza para a prática pedagógica. Alguns podem considerar trabalhoso, outros, uma perda de tempo. Mas posso garantir: é divertido, enriquecedor, marcante e transforma o ato de lecionar em algo muito mais significativo.

Valorizar a importância do carnaval no Brasil é reconhecer sua relevância pedagógica, cultural e econômica. Afinal, recebemos um grande número de turistas e temos a oportunidade de promover um leque de aprendizagens significativas. Ensinar os estudantes do século XXI sobre a cultura brasileira em seus ritmos, cores e adereços é fundamental, pois o carnaval é um marco da identidade nacional.

Diversas atividades pedagógicas podem ser contempladas na semana que antecede o feriado de carnaval: desenho de estandartes, decoração de máscaras, audição de marchinhas e sambas-enredo, desfiles de blocos educativos e confecção de fantasias. Todas essas atividades aproximam ainda mais os estudantes da cultura brasileira, promovendo uma experiência educativa dinâmica e divertida. Sem dúvida, é uma oportunidade para os alunos se conectarem com as raízes do país.

O carnaval ensina valores importantes, como a colaboração, a aceitação da diversidade e a valorização das manifestações artísticas. Por isso, deve estar presente no planejamento pedagógico das escolas.

Com certeza, o carnaval nos mostra, mais uma vez, que é uma das festas populares mais vibrantes e significativas do Brasil. E a escola, de forma alguma, poderia ficar de fora dessa celebração.

Bom Carnaval a todos!

Adriana Frony, professora, administradora, especialista em gestão escolar, mídias sociais, mestranda em ciências da educação, escoteira, palestrante e mentora com mais de 30 anos de experiência na educação, dedicou-se a transformar a aprendizagem em uma experiência alegre e significativa para seus alunos. Acredita que educar é um ato de coragem e amor, que deve ser vivido com liberdade e criatividade. Contato: espacodeaprendizagemintegrada@gmail.com

Paula Rocha

Editora chefe do Jornal Diário do Entorno

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