Águas Lindas de Goiás
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Médicos da Upa do Mansões Odisseias entram em greve por falta de pagamento

Segundo a denúncia, os médicos estão sem receber salários há mais de seis meses

Quem precisou utilizar os serviços de saúde da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Mansões Odisseia, em Águas Lindas, nessa quarta-feira, 6/03, teve uma grande surpresa, pois todos os médicos da unidade entraram em greve devido ao atraso no salário.

A moradora do município, Monique de Jesus, relatou à equipe do Diário do Entorno que precisou levar sua filha, que estava com febre e diarreia, mas encontrou a unidade totalmente vazia. “Isso é um absurdo, um descaso com a nossa população. Chegar aqui e se deparar com o lugar vazio sem ninguém porque não pagam os médicos, e quem sofre somos nós”, relatou.

Greve

Em janeiro deste ano, o Diário do Entorno denunciou que médicos estavam com salários atrasados há mais de 6 meses, sem receber o pagamento desde junho do ano passado. O atraso de mais de seis meses envolve parte da remuneração mensal e os pagamentos das escalas de plantão. A gestão das unidades de saúde é feita por Organizações Sociais contratadas pelo município.

Parte do salário de novembro só caiu em janeiro, e os honorários de junho nunca foram pagos, conforme denunciam os profissionais.

A empresa responsável pelos pagamentos de médicos na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Mansões Odisseia e no Hospital Bom Jesus, em Águas Lindas, alega R$ 3 milhões em atrasos. Em nota, a HelpMed alega que sofreu calote e conta com o Poder Público para equilibrar as contas.

Com constantes atrasos, a situação se agravou em junho de 2023. A Isac, alegando não receber R$ 7 milhões em repasse da prefeitura, suspendeu os serviços. Em um comunicado, a HelpMed garantiu aos profissionais que os pagamentos seriam feitos pela secretaria municipal.

“Ficou pactuado que o município se comprometerá a realizar repasses da folha médica para a HelpMed pertinentes ao mês de abril ainda na data de hoje, e que os pagamentos pertinentes aos meses de maio e junho também serão honrados em dia por parte da municipalidade”, conforme consta em documento.

Em novembro de 2023, a prefeitura criou um fundo municipal com os restos a pagar da Secretaria de Saúde, para reconhecer e quitar as dívidas que o instituto tinha feito ao longo da execução. Em 15 de dezembro, a Secretaria de Economia Municipal publicou um chamamento público para que os profissionais e as empresas que estejam nessa situação possam solicitar o pagamento.

Conforme afirma o texto, o pagamento será feito na ordem daquele que oferecer o maior desconto percentual sobre a dívida e conforme a disponibilidade orçamentária da Prefeitura de Águas Lindas de Goiás.

“Cada dia aparece um problema diferente para justificar o atraso”, disse outro profissional. “Tendo sido levantada até mesmo a hipótese de o nosso salário ser pago se a gente oferecer desconto para eles, e ainda assim pagando parcelado”, detalhou um médico da unidade.

Atuando no Entorno do Distrito Federal, a Isac já era conhecida no DF. Em 2016, na gestão do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), o Governo do Distrito Federal tentava flexibilizar a contratação de organizações sociais para gerir a saúde da capital do país. Na época, uma das entidades credenciadas era o Isac. A entidade, com sede em Brasília, deixou um rastro de problemas em Jacobina, na Bahia, onde tinha firmado contrato de gestão com a prefeitura no valor de R$ 15,6 milhões.

A crise na saúde foi tão grande que o contrato de gestão firmado com o Instituto Saúde e Cidadania sofreu intervenção do município. A entidade foi acusada de deixar de abastecer o hospital e a clínica que administrava. O Isac ainda teria deixado dívidas com fornecedores, num total de R$ 3 milhões.

Agora, em março, os médicos ainda não tiveram seus salários atrasados acertados, por isso resolveram entrar em greve até que a situação normalize novamente. Até o momento, não se sabe se os médicos aceitarão um acordo para voltar a trabalhar ou se seguirão até que os débitos sejam pagos. A Secretaria Municipal de Saúde nem a Prefeitura se posicionaram sobre o assunto até o fechamento dessa reportagem.

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