Coluna Diálogos sobre Educação

Hora do Recreio: Um Tempo de Liberdade e Aprendizado

Coluna Diálogos sobre Educação com Adriana Frony

O tic-tac do relógio marca o início do horário mais agitado em qualquer escola ao redor do mundo: a hora do recreio! É um verdadeiro frenesi: crianças correndo, formando filas diante dos atendentes da cantina, trocando fofocas nos corredores, apressando-se para pegar a bola e participar dos jogos de air soccer. Ouvimos gritos animados: “Um refrigerante e um salgado, tia!” e “Pipoca doce, tio!” Na cantina, independentemente do cardápio, seja saudável, duvidoso ou inadequado, sempre há crianças, jovens e adolescentes prontos para comprar. Uma vez, meu filho contou que, com a ajuda de um amigo mais velho, conseguiu alcançar o atendente da cantina com mais eficácia. O amigo, bem mais alto, obteve a ficha sem esforço algum. Mas e a fila? Ninguém respeitava! Era um verdadeiro “salve-se quem puder”! Assim, ele teve a hora do recreio completa para comer, correr pelo pátio e ser feliz!

Esse momento do dia é crucial para que os estudantes protagonizem seu próprio aprendizado e construam laços. É na disputa pela sombra ou pelo sol, na escolha das brincadeiras ou no isolamento, que se desenrolam as “tretas”, as quedas, as brigas e os joelhos ralados. Temos a turma que conversa e anda, a galera do futebol, que compartilha os minutos mais esperados de todo um dia de aula, além dos grupos que se dedicam a fuxicos e das pessoas que se reúnem em clubes de livros, xadrez e outras atividades. O importante é aproveitar esse momento sagrado de liberdade assistida.

Sim, liberdade assistida, pois, em tempos de segurança exacerbada, ninguém está realmente sozinho. Exceto nos banheiros, atualmente há câmeras em todos os cantos das escolas. Crianças e funcionários se habituaram a essa vigilância, que, por vezes, pode ser um tanto opressiva.

A tradicional imagem das crianças correndo atrás da bola foi gradualmente substituída pelo uso de celulares, e o barulho que antes dominava o ambiente agora é ofuscado pelo teclar dos aparelhos. Hoje, o uso de telefones celulares nas escolas é proibido, e a interação desejada entre as pessoas precisa ser reestabelecida.

As escolas se esforçam com projetos de atividades para a hora mais aguardada do dia, mas nem sempre os resultados são satisfatórios. Embora às vezes funcionem em um primeiro momento, essas iniciativas frequentemente não se sustentam, e os bimestres vão passando, com as atividades sendo substituídas. 

Socialização e interação são objetivos essenciais a serem alcançados durante a hora do recreio, além da tão necessária pausa para todos. Em meio à gritaria, balbúrdia e algazarra, a infância e a adolescência são moldadas, e as lembranças desses momentos divertidos perdurarão para sempre. E você, o que mais se lembra de especial que aconteceu em sua escola durante a hora do recreio?

Adriana Frony, professora, administradora, especialista em gestão escolar, mídias sociais, mestranda em ciências da educação, escoteira, palestrante e mentora com mais de 30 anos de experiência na educação, dedicou-se a transformar a aprendizagem em uma experiência alegre e significativa para seus alunos. Acredita que educar é um ato de coragem e amor, que deve ser vivido com liberdade e criatividade. Contato: espacodeaprendizagemintegrada@gmail.com.

Paula Rocha

Editora chefe do Jornal Diário do Entorno

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