Coluna Diálogos sobre Educação

Educação começa em casa — o papel das famílias na formação das crianças

Coluna Diálogos sobre Educação com Adriana Frony

Desde que comecei a dar aulas na escola pública, há mais de trinta anos, uma frase nunca saiu da minha cabeça: “educação se aprende em casa”. Cumprimentar, sentar, ouvir, falar, agradecer, esperar — ações como essas são de responsabilidade exclusiva da família. Cabe aos professores ensinar a ler, escrever, somar, diminuir, definir os movimentos de rotação e translação, entre tantos outros conteúdos pedagógicos.

Muitos pais, erroneamente, acreditam que a escola é o único lugar onde as crianças aprendem. É verdade que nós, professores, ensinamos muito — inclusive a esperar a vez para falar, pedir licença ao entrar e sair da sala de aula, além das letras do alfabeto, os números, as ciências e até mesmo a lidar com conflitos do dia a dia. Mas a base da educação — valores como respeito, responsabilidade, empatia e gentileza — começa muito antes do primeiro dia de aula.

Por vezes, as crianças chegam à escola sem saber o mínimo para estar em uma sala de aula — um espaço onde precisarão conviver com os outros, dividir os materiais de uso coletivo e a atenção da professora com pelo menos mais vinte estudantes.

O trabalho em grupo, promovido por muitos professores, favorece o respeito ao espaço do outro, a partilha de brinquedos e jogos, e a paciência de esperar a vez. Também proporciona a experiência de ouvir e ser ouvido, falar e pausar. Aparentemente, são atitudes e comportamentos elementares, contudo, em certos casos, a família tem transferido essa responsabilidade para a escola.

O exemplo dos pais é um aprendizado contínuo para as crianças. Famílias que agem com respeito ensinam sobre o respeito ao próximo. Mães que escutam seus filhos com atenção ensinam que há momentos para ouvir e há momentos para ser ouvido.

O convívio familiar é o ambiente de maior aprendizado para uma criança. Elas aprendem por imitação e repetem na escola o que vivenciam em casa. Portanto, nas famílias que se respeitam, leem juntas ou fazem as refeições em harmonia, o comportamento mais sociável e aprazível é perceptível no ambiente escolar.

À escola caberá reforçar e aprimorar o comportamento social trazido de casa pelos estudantes.

É sabido que, no século XXI, é um privilégio para poucas famílias brasileiras estarem reunidas na hora das refeições. Hoje em dia, ter tempo para ler ou debater sobre os assuntos em voga nas redes sociais e na televisão tornou-se raro.

Se queremos uma sociedade mais justa, solidária e respeitosa — onde o jovem assuma seu próprio desenvolvimento e atue com consciência — precisamos repensar, em nossos lares, o nosso comportamento.

Todos concordamos que a educação começa em casa. Vale lembrar que ela se dá em todos os lugares por onde a criança passa: na escola, na vizinhança, com os amigos, nas igrejas, nos grupos escoteiros, nos cursos de língua estrangeira, nas academias. Somos todos educadores em potencial — pais, mães, avós, professores, vizinhos, motoristas de ônibus, merendeiras, catequistas, chefes escoteiros. O mundo inteiro educa — mas os primeiros passos são ensaiados e aprendidos em casa.

Adriana Frony, professora, administradora, especialista em gestão escolar, mídias sociais, mestranda em ciências da educação, escoteira, palestrante e mentora com mais de 30 anos de experiência na educação, dedicou-se a transformar a aprendizagem em uma experiência alegre e significativa para seus alunos. Acredita que educar é um ato de coragem e amor, que deve ser vivido com liberdade e criatividade. Contato: espacodeaprendizagemintegrada@gmail.com

Paula Rocha

Editora chefe do Jornal Diário do Entorno

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