
A natureza possui uma importância imensa na educação dos estudantes. Para que uma criança se desenvolva plenamente, é preciso aprender muito mais do que o código da escrita. É necessário aprender o código da vida: o respeito ao próximo, a convivência com as diferenças, o amor aos animais e às plantas, assim como o apreço pela vida ao ar livre.
O currículo da Educação Infantil, por exemplo, é enfático quanto à importância do contato da criança com ambientes ou elementos naturais, conferindo mais significado às suas experiências e estabelecendo conexões com aquilo que viu ou ouviu em desenhos, livros ou vídeos, dentro e fora da sala de aula.
Termos como natureza, meio ambiente e ecossistema remetem à vida ao ar livre e a uma educação mais integrada e sensível ao natural. Mais do que livros com ilustrações encantadoras e jogos pedagógicos primorosamente desenvolvidos, as atividades ao ar livre oferecem vivências concretas profundamente enriquecedoras.
O simples ato de regar plantas, ou aproveitar a aparição de uma lagartixa na parede para inspirar uma produção de texto, são formas de trazer a natureza para dentro da sala. O cuidado com um girino ou com os peixinhos do aquário pode — e deve — criar uma conexão duradoura com os animais. As possibilidades de aprendizagem em projetos ambientais são vastíssimas: relatórios, observações, inferências, produções artísticas, celebrações, ou mesmo o “passeio dos animais” para as casas dos estudantes são exemplos do quão significativas essas atividades podem ser.
Em algumas escolas de Ensino Fundamental, há projetos de horta ou jardim. Cada turma tem seu dia destinado ao cuidado com flores ou ao cultivo de hortaliças e temperos, como hortelã, cebolinha, manjericão, entre outros. O mais fascinante é o senso de responsabilidade que se desenvolve ao cuidar de algo vivo, que exige atenção e pode, inclusive, perecer. As atividades são simples — regar, remover ervas daninhas, colher tomatinhos e temperos —, mas ficam gravadas para sempre na memória dos estudantes.
A conexão com a natureza é fundamental para a saúde mental e o bem-estar dos estudantes. Por meio do contato com o natural, eles podem experimentar a textura da terra, da areia, das pedras, o cheiro das plantas e flores, o calor do sol, o sopro do vento e até os sabores das frutas que, por ventura, sejam apresentadas.
Todavia, a implementação da educação ao ar livre nas escolas enfrenta desafios. Autorização dos pais, escorregões, joelhos ralados, insetos, alergias, exposição solar, logística de passeios e a inclusão dessas atividades na já densa rotina escolar são questões que exigem atenção.
Ainda assim, aulas-passeio pontuais podem contribuir para práticas educativas mais naturais, especialmente quando os destinos escolhidos são, de fato, ao ar livre: parques, jardins, viveiros de plantas, entre outros.
A tecnologia, por sua vez, nos oferece diversas formas de conhecer e explorar a vida natural com celeridade e profundidade. A educação ao ar livre pode ser enriquecida com aplicativos como GeoGuessr, Rota da Reciclagem, Lixarada e Eco Charger — ferramentas que não substituem, mas complementam a experiência, tornando-se valiosas aliadas.
O movimento escoteiro é uma das instituições de educação não formal que promove uma ampla gama de atividades ao ar livre, bem como ações voltadas à preservação ambiental. Em consonância com a escola, os escoteiros cultivam a amizade com os animais e as plantas, conforme seu código de ética. Vale a pena conhecer um pouco mais sobre sua atuação na sociedade, no Brasil e no mundo: https://www.escoteiros.org.br.
Educar para a sustentabilidade e a conservação da vida na Terra é um dever universal — do Estado, dos educadores, dos pais, e de toda a humanidade. Quem preserva a natureza, preserva os seres vivos, e, por conseguinte, preserva a si mesmo.
Adriana Frony, professora, administradora, especialista em gestão escolar, mídias sociais, mestranda em ciências da educação, escoteira, palestrante e mentora com mais de 30 anos de experiência na educação, dedicou-se a transformar a aprendizagem em uma experiência alegre e significativa para seus alunos. Acredita que educar é um ato de coragem e amor, que deve ser vivido com liberdade e criatividade. Contato: espacodeaprendizagemintegrada@gmail.com.