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Crônicas da Cidade com Thiago Maroca: O tempo da vida

 

Nos últimos dias tenho pensado sobre o tempo de vida. Mas que vida mesmo? A vida que queremos ter ou vida que levamos? E o tempo que perdemos pensando nisso?

Tudo começou quando aconteceu a tragédia com o avião que caiu em campinas. Me solidarizo com a dor das famílias, mas penso no sentido da vida das pessoas que estavam dentro do avião. Projetos sem ponto final, pedidos de desculpas não feitos, solicitações de amizades não concluídas. Será que alguém ficou de pagar algo quando voltasse? Li em algum lugar que uma pessoa pegou o avião errado, também li que outra se atrasou e não pegou o avião e neste momento agradece o atraso de sua personalidade. Acidentes não se planejam, apenas acontecem. Nesse caso, quem estava no vôo não teve outra alternativa. Mas existem alguns acidentes que nós podemos evitar.

Há uma noção equivocada sobre o termo “qualidade de vida”. Nós que moramos no entorno, sempre ouvimos que qualidade de vida é morar no Distrito Federal, custe o que custar. Você pode ser classe média em Luziânia, Planaltina ou Formosa, mas ser pobre em Brasília é muito melhor, mesmo que você nunca conquiste uma casa própria ou consiga pgar uma escola particular aos seus filhos. “Mas lá no DF, a educação é melhor” eles dizem, mas segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, IDEB, o Estado de Goiás alcançou a melhor nota nacional. Há algo que precisamos reconhecer, o tempo gasto no trânsito e a distância do lar em comparação ao trabalho muitas vezes é dolorosa. Mas o Entorno também gera emprego e não é mais exclusividade de Brasília, claro que com suas especificidades. A qualidade de vida está ligada a ficar menos tempo no trânsito, chegar em casa antes do anoitecer e fazer uma caminhada com o cachorro em um parque ecológico. Eu já vivi esse lado, mas confesso, eu amo minha cidade. A distância e o trânsito me atrapalham, mas atualizo minhas séries, podcasts e livros, tudo durante esse tempo de viagem. Acho que esse papo de qualidade tem outros motivos.

Continuando, nós do entorno, por muitos anos abandonados pelos dois estados, criamos a sensação de síndrome de vira lata, que segundo Nelson Rodrigues, nada nos basta, seremos sempre inferiores. Tem muito de verdade nisso aí. Todo mundo que mora no entorno sempre pensa em se mudar ou conhece alguém que está se planejando para ir embora. Tem gente que está nesse planejamento há mais de 20 anos, não aproveitou a estadia e nem fez a passagem desejada. Para isso, deve ter alguma explicação psicológica, mas eu penso é no tempo de vida que talvez você não percebeu e ele continuou passando. É o mesmo tempo que talvez você esteja enrolando para começar uma faculdade, aprender um idioma ou fazer uma viagem dos seus sonhos. Tudo envolve dinheiro, eu sei, mas envolve um pouco de coragem também. Eu imagino que nossos sonhos devam ser estimulados para que nunca morram dentro de nós. Mas é preciso estar presente no presente, encarar a rotina e a realidade que lhe é apresentada como uma dádiva. Tem até um cantor de nome obsceno fazendo sucesso dizendo que as coisas boas da vida são de graça.

Se você não considera estar tendo qualidade de vida ou aproveitando melhor o seu tempo, eu sugiro que você comece a priorizar os seus sonhos, começar já conta como um primeiro passo.

E o resto é só fé

Boa semana!

 

Thiago Maroca é escritor, produtor audiovisual, fotografo, mestrando em educação, escoteiro, pai do Théo e uma meia dúzia de coisas que não cabem nesse espaço.

Manda um OI:@thiagomaroca/thiagomaroca@gmail.com

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