Calamidade em Águas Lindas

Ao menos 3 mortes foram confirmadas e 6 estão sendo investigadas

Moradores do município de Águas Lindas relatam uma espera de até 12 horas por atendimento médico, enquanto a cidade enfrenta um alarmante surto de dengue. Em apenas dois meses, houve um aumento de cerca de 3000% nos casos da doença, resultando na morte de duas pessoas e na investigação de outras seis mortes. O ano de 2023 já contabilizou 1.900 casos confirmados de dengue.

A Secretaria Municipal de Saúde admitiu a sobrecarga do sistema, justificando que além dos residentes locais, estão atendendo pessoas de cidades vizinhas que buscam tratamento na região. Garantiram estar empenhados em controlar a situação, destacando a instauração de uma força-tarefa na cidade.

De acordo com proprietários de algumas farmácias locais, a venda de medicamentos triplicou desde o final do ano. Muitos moradores afirmam que preferem buscar tratamento em casa, seguindo orientações dos farmacêuticos, em vez de enfrentar longas horas de espera no hospital para receber atendimento enquanto lidam com dores.

Relembre Caso de agressão após morte de uma paciente em dezembro de 2023

Nathali procurou a UPA no dia 6 de dezembro, com dores no corpo. Um médico atendeu a mulher, que foi diagnosticada com dengue. Ele, então, passou um medicamento para que ela tomasse em casa. Sem melhorar, Nathali voltou no dia 11. Ela foi atendida pelo médico Pablo Henrique.

Ela foi encaminhada para tomar soro e receber medicações. Porém, o quadro dela foi se agravando.

“O marido foi lá no médico e falou: ‘Doutor, a situação está pior, a minha esposa parece que está com o corpo ficando gelado, está ficando pálida. Ela disse que não quer morrer, ela disse que está sentido que está morrendo, faz alguma coisa’. Mas o médico falou: ‘não, eu tenho que esperar o soro acabar’”, narrou o advogado da família, Fábio Cavalcanti.

Um tempo depois, Jhader voltou a procurar Pablo, mas não o encontrou. “Nisso, uma professora de enfermagem viu a situação e falou: ‘essa mulher não tem que estar aqui, tem que estar na sala vermelha, ela está morrendo, tem que fazer alguma coisa, ela não pode estar aqui’. A resposta foi que o médico responsável estava vindo e ele é que tinha que cuidar”, afirmou o advogado.

“A esposa começou a debater na sala, espernear e gritar de dor. Nesse momento, o médico disse: ‘é melhor você calar a boca, essa dor toda não é para isso’”, contou o advogado.

Nathali começou a apresentar quadros de desmaio e foi levada para uma sala de emergência, chamada de “Sala Vermelha”. Segundo o advogado, após um tempo, um outro médico retornou de lá e comunicou à Jhader a morte da mulher.

Agressão

O marido da paciente confessou aos policiais que ficou nervoso com a notícia do óbito da esposa e, por isso, invadiu a sala do médico para agredi-lo.

Um exame de corpo delito constatou que o médico teve um ferimento de três centímetros em uma das pálpebras causada pelos socos.

Os dois foram levados para a Delegacia de Águas Lindas de Goiás, onde foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra Jhader pelo crime de lesão corporal.

Secretaria de saúde relata força-tarefa para conter endemia

Secretaria de Saúde diz que força tarefa foi instalada na cidade mas que devido ao aumento da quantidade de pessoas além dos moradores de Águas Lindas outros estão vindo de outras cidades do entorno para o atendimento. 

A Secretaria também anunciou a ampliação das equipes de saúde, com a inclusão de médicos em outras unidades. Três unidades básicas de saúde (UBS) estarão em funcionamento: no Setor 10, Guaira, Barragem II e Barragem IV, das 9h às 21h, com a presença de um médico, uma enfermeira e dois técnicos de enfermagem, disponíveis à população, principalmente para os casos com sintomas de dengue. O objetivo é aliviar o fluxo de atendimentos nas UBS Mansões Odisséias e no Hospital Bom Jesus.

Redação