Brainrot: uso excessivo das redes sociais afeta a saúde do cérebro, alerta especialista
Segundo psiquiatra cooperado da Unimed Goiânia, Dr. Flávio Augusto de Morais, fenômeno atinge cada vez mais crianças, adolescentes e adultos, e está associado à dificuldade de concentração, ansiedade e sintomas depressivo

O brasileiro passa, em média, 9 horas e 13 minutos por dia conectado à internet, segundo relatório digital da We Are Social e da Meltwater, publicado em 2024. A maior parte desse tempo é dedicada ao consumo de redes sociais e vídeos curtos, como Reels, TikTok e Shorts do YouTube. O problema, segundo especialistas, vai além da produtividade, esse hábito pode causar o que tem sido popularmente chamado de brainrot, termo que significa, em tradução livre, “cérebro cansado” ou “apodrecido”.
De acordo com o psiquiatra cooperado da Unimed Goiânia, Dr. Flávio Augusto de Morais, o fenômeno é mais um reflexo do uso excessivo e descontrolado das redes sociais, especialmente entre crianças e adolescentes, embora também atinja adultos. “Esse tipo de conteúdo extremamente rápido e superficial, com muitos estímulos visuais e sonoros, causa uma sobrecarga no cérebro. Com o tempo, o cérebro se adapta a esses estímulos e perde a capacidade de manter o foco e de lidar com conteúdos mais profundos”, explica o especialista.
O psiquiatra alerta que o brainrot pode gerar uma série de sintomas, como dificuldade de concentração, redução da capacidade de raciocínio aprofundado, ansiedade sintomas depressivos, sobretudo em função de comparações irreais com conteúdos vistos online. “Você fica o tempo todo exposto a estímulos, sem pausas. Isso afeta o cérebro. E quando essa exposição vem junto com a comparação a padrões inatingíveis, seja de vida, sucesso ou aparência, pode gerar tristeza, sensação de inadequação e até quadros depressivos”, afirma.
Outro ponto de cuidado é o tempo de exposição. “É comum vermos pessoas, inclusive crianças, passando duas, três horas seguidas assistindo a vídeos curtos. Isso impede que o cérebro tenha pausas, o que é essencial para o equilíbrio emocional”, pontua o psiquiatra.
Como proteger o cérebro da sobrecarga digital?
O especialista reforça que o ideal é adiar ao máximo o uso de celular próprio por crianças e adolescentes, preferencialmente até os 16 anos. Caso o uso seja inevitável, é fundamental que haja limitação de tempo de tela e supervisão de conteúdo, com preferência por vídeos mais longos, que demandem atenção contínua e promovam raciocínio mais elaborado.
Além disso, ele recomenda definir um tempo diário de uso de tela, controlar os tipos de conteúdo acessados e dar preferência a vídeos mais longos, com temáticas que exijam atenção contínua. “Se for assistir a algo no YouTube, por exemplo, priorize vídeos com pelo menos 10, 15 ou 30 minutos. Eles exigem raciocínio e concentração, ao contrário dos vídeos curtos que apenas estimulam a liberação de dopamina de forma imediata”, explica.