Coluna Diálogos sobre Educação

Aprendendo com a Melhor Idade

Coluna Diálogos sobre Educação com Adriana Frony

Vó, conta aquela história que aconteceu na sua escola quando você era pequena?” Quantos de nós tivemos o privilégio de ouvir relatos vividos por nossos entes queridos, histórias que nos transportam para um tempo muito diferente do nosso? À medida que essas memórias vão surgindo, netos, sobrinhos-netos e afilhados escutam atentamente, imaginando como foi ser criança nas décadas de 50, 60 e 70.

As brincadeiras dos nossos avós eram bastante diferentes das que conhecemos hoje. Pião, bola de meia, cinco marias, passar anel, pular elástico e jogar bet eram as atividades que protagonizavam a diversão. Naquela época, a televisão tinha poucos canais e a programação infantil era predominantemente matutina, o que não favorecia quem tinha um tempinho à tarde para assistir, já que os desenhos animados não passavam.

Nossos avós saíam para brincar sem olhar para trás, voltando apenas quando a barriga roncava, sinalizando que era hora de lanchar, ou quando algum joelho ralava devido a uma queda de árvore. Era impressionante a destreza de um amigo do grupo que avistava uma árvore cheia de bons galhos e gritava: “Cada macaco no seu galho!” Ninguém queria ser o último a conseguir um galho para se pendurar, e a diversão se estendia pela tarde inteira, com os “macaquinhos” saltando de um galho para o outro.

Acervo EAI

A infância dos nossos avós era marcada por uma liberdade que parece distante da nossa. Com poucos condomínios e casas nas ruas, era só abrir o portão e sair para brincar. Com o tempo, as grades nas janelas e os muros de proteção tornaram-se comuns, criando um cenário onde sair sem rumo e encontrar amigos já não era tão seguro. A chegada do telefone, da TV colorida e dos patins de bota também transformou a dinâmica das brincadeiras. Se ter patins para calçar os próprios sapatos já era algo comum, ter um par de patins de bota era sinônimo de ostentação.

Com o passar dos anos, os condomínios se tornaram populares, o mundo mudou, e surgiram mais canais de TV, fazendo com que algumas formas de brincar ficassem apenas na memória. Recordar a infância de uma pessoa idosa não é apenas um exercício de nostalgia, mas uma forma de manter viva uma memória afetiva e significativa. A Pedagogia da Melhor Idade favorece o desenvolvimento cognitivo e ajuda a prevenir a perda de memória e o surgimento de demências associadas à senilidade.

Promover um envelhecimento saudável é um desafio importante que nossa sociedade enfrenta, especialmente em um mundo que celebra a longevidade. É fundamental desenvolver os talentos das pessoas idosas e fomentar a convivência com seus pares. O convívio entre idosos é essencial, pois a conversa flui de maneira natural, sem questionamentos sobre suas experiências.

Atividades como sudoku, xadrez, artesanato, carteado, pintura e outras formas de expressão são ótimas maneiras de manter a mente ativa, especialmente para aqueles que têm tempo disponível. Ver fotos antigas, participar de clubes de leitura e ouvir músicas também favorecem a interação social.

Acompanhar e educar a pessoa idosa representa um dos grandes desafios da sociedade brasileira. É nosso dever cuidar daqueles que nos ensinaram a caminhar, comer e nos portar no mundo. A gerontologia educacional, ou pedagogia para a pessoa idosa, enfrenta muitos obstáculos, mas desde os tempos de Cícero, filósofo da Roma antiga que valorizava o prazer na velhice, até o Estatuto do Idoso, é necessário garantir a dignidade dos idosos em diversas áreas, incluindo a educação, que assumimos como nossa responsabilidade.

Adriana Frony, professora, administradora, especialista em gestão escolar, mídias sociais, mestranda em ciências da educação, escoteira, palestrante e mentora com mais de 30 anos de experiência na educação, dedicou-se a transformar a aprendizagem em uma experiência alegre e significativa para seus alunos. Acredita que educar é um ato de coragem e amor, que deve ser vivido com liberdade e criatividade. Contato: espacodeaprendizagemintegrada@gmail.com.

Paula Rocha

Editora chefe do Jornal Diário do Entorno

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