A simplicidade um dia revolucionará a Humanidade
Coluna Empreender com Aimée Resende

“Sabe, eu já nasci com alguém escolhendo o meu nome. Apresentaram-me ao mundo como algo que eu nem sabia o que era.
Passei a vida tentando descobrir quem eu era, tentando me moldar conforme o que esperavam de mim.
Quando finalmente tentei dizer o que eu precisava ser, fiquei nervoso, impaciente. Talvez eu não soubesse mesmo quem era. Talvez eu tivesse medo de saber e se soubesse, o que mudaria? Quais as consequências?
E a idade? Já tão tarde… Não tenho mais paciência para revirar tudo isso. Só quero manter a mente e a pressão sob controle.”
Foi o que disse Vovô Zezé… Um homem sábio, ainda que sempre um pouco amargo, para seus netos.
Eles não faziam ideia da genialidade que havia naquele senhor. José, o Vô Zé, foi um homem renomado no mundo dos negócios. Encantador, perspicaz. Tinha aquele charme raro que se destacava mesmo entre os grandes.
Não pensava demais: seu lema sob os holofotes era simples: “Não pense muito. Faça o que precisa ser feito. E isso basta.”
Foi assim que construiu um portfólio robusto, cheio de cases de sucesso. Um nome respeitado, conhecido por resolver problemas complexos com naturalidade.
Até que um dia, em uma mesa longa de jantar, entre pessoas influentes e figuras célebres do mercado, todos esperavam a chegada do imperador do Japão. Um silêncio respeitoso preenchia o ambiente.
Então, um homem simples entrou, ao lado de sua esposa. Sentaram-se.
A bajulação começou, como sempre acontece com figuras importantes. Mas eles, o imperador e sua esposa, não exigiam nada. Sorriam, eram gentis, falavam apenas o essencial.
José, curioso, tentou também ser solícito. Viu que o casal parecia confuso com o cardápio e se aproximou:
— Estão com dúvidas? Posso ajudar?
A esposa do imperador sorriu com leveza e perguntou:
— Você sabe se há uma tangerina normal no cardápio? Mas quero com casca. Não gosto dela descascada.
José não hesitou. Levantou-se, foi até a cozinha e perguntou ao chef:
— Tem uma tangerina com casca aí?
O chef se assustou, preocupado, mas José o tranquilizou:
— Tá tudo certo, é só uma tangerina… com casca mesmo.
Voltou à mesa com o prato na mão. A cena foi tão simbólica que arrancou aplausos.
Ali, José se sentiu um herói. Mais uma solução inusitada para seu repertório.
Mas algo naquele momento ficou nele.
Viu o cuidado da esposa ao descascar a tangerina. O modo como sentia seu aroma, comentava sobre o sabor. O imperador observava a esposa em silêncio, rindo junto a ela.
Enquanto todos comiam pratos franceses, usando talheres reluzentes e brindavam com vinhos finos, o imperador e sua esposa saboreavam uma simples tangerina, em silêncio, em paz.
Foi como se o tempo tivesse parado.
José voltou mentalmente ao início da própria vida. Perguntou a si mesmo quantas vezes o silêncio foi sua escolha. Se em algum momento ele parou de vender, de correr, de tentar provar algo.
Não lembrava do nascimento do próprio filho sem estar ao telefone fechando contratos.
A simplicidade o desarmou. E ao invés de abraçar essa mudança, se recolheu.
Negou o pedaço da tangerina que a esposa do imperador lhe ofereceu. Disse que não se sentia bem. Saiu mais cedo.
Nem fez questão de sair na foto principal daquele jantar.
Hoje, Vô Zé olha pela janela.
Talvez a lição esteja ali: a vida nos dá várias chances de sermos mais simples.
E são esses os verdadeiros holofotes que valem a pena, empresário.
Porque pensar com Arte é pensar na simplicidade, é diferente.
Aimée é uma planejadora urbana com mais de 15 anos de experiência em Marketing, consultora de pós-graduação em NeuroMarketing, Artista Visual internacional e CEO da Tkart, uma empresa internacional de marketing.
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