Coluna Diálogos sobre Educação

Como reduzir o uso dos celulares pelos nossos estudantes?

Coluna Diálogos sobre Educação com Adriana Frony

Mãe, já vou. Tô terminando o joguinho. Já vou! 

Qual mãe da atualidade nunca ouviu essa fala? Garanto que poucas nunca ouviram. Antigamente essa fala se repetia para vir almoçar, tomar banho ou fazer os deveres de casa. Todavia, hoje em dia, com o uso exacerbado das telas e principalmente dos celulares, é recorrente que mães, pais, avós e em certos casos, até professores, escutem uma criança ou um adolescente tentando protelar o que quer que seja para passar de fase no celular ou no videogame.

O uso de telas por horas e horas não é aconselhável pois reduz as possibilidades de movimentação física e concentração em outras atividades diferentes daquela a um passo das mãos como o celular ou o joystick. Assim como reduz a interação social, o convívio com as outras crianças e jovens. Os riscos para a saúde são inúmeros, é preciso solucionar essa questão, oferecer outras atividades de modo a proteger as crianças e jovens das armadilhas decorrentes do uso prolongado das telas.

Nunca vimos em nosso país tantas crianças com problemas de obesidade como no século XXI, além de problemas de visão, e distúrbios de sono. Diversos problemas de saúde mental têm sido diagnosticados em nossas crianças tais como: ansiedade, depressão, além do isolamento social. E mais recentemente tem havido um impacto no desenvolvimento cognitivo, como atraso no desenvolvimento da fala, problemas de atenção e concentração.

E ainda pior, há os riscos de exposição a conteúdo inapropriado como  violência, pornografia, e cyberbullying.

Muitas vezes pela necessidade de comunicação dos pais com os filhos o celular tem sido presenteado cada vez mais cedo. Supervisionar o uso da internet e as pesquisas no google tornam-se absolutamente complexo. É preciso muita orientação e supervisão por meio do adulto para garantir um uso saudável do telefone celular e até mesmo do vídeo game e mais recente dos vídeos assistidos pelo youtube e tik tok.

Seja para entreter, acalmar ou pesquisar, o uso prolongado das telas é bastante prejudicial ao desenvolvimento das crianças.

Nas escolas brasileiras foi sancionada a Lei 15.100/2025, que proíbe o uso de celulares e outros aparelhos eletrônicos portáteis em escolas públicas e particulares da educação infantil, fundamental e ensino médio. A restrição vale para aulas, recreios e intervalos, com exceções de situação de força maior ou acessibilidade, autorizada e supervisionada pela direção da instituição de ensino em conformidade com as respectivas famílias.

Já nas questões familiares, muitas crianças apresentam dificuldades para adormecer ou manter um sono reparador, outras apresentam apneia do sono e ainda há aquelas que desenvolvem a síndrome das pernas inquietas que gera um desconforto imenso ou muita dor nas pernas durante o sono. E tem ainda a narcolepsia que é um distúrbio que vem causando sonolência excessiva durante o dia entre os adolescentes.

Para acabar com o comportamento em permanecer acordado vidrado na tela do celular, estabeleça uma rotina que prepare um ambiente doméstico que seja propícia ao descanso, ou sono. Vá reduzindo as luzes a partir da calma após o jantar, seja ele às 19 horas ou às 21 horas. Torne rotineiro o horário de dormir assim como o horário de acordar. Crie um ambiente propício a desaceleração como redução das luzes acesas, desligar a tv de modo a manter o ambiente silencioso e mais confortável. Evitar refrigerantes e muito açúcar a noite.

Nem tudo está perdido em meio a tantas questões negativas quanto a esse assunto. 

Caberá aos pais e, ou responsáveis estabelecer limites e regras para o uso de telas e a supervisão da decisão para reduzir o uso para uma hora por dia, 2 horas por dia e assim por diante. 

De toda forma, oferecer outras atividades que privilegiem o desenvolvimento físico e motor em ambientes abertos encorajarão a todas as crianças a correr, pular e brincar ao ar livre. Incentive a literatura e outras atividades divertidas como jogos em equipe, pintura e tantos outros. Com o hábito, o uso do celular e do videogame voltará a ser coadjuvante e não protagonista do desenvolvimento dos nossos filhos e estudantes.

Adriana Frony, professora, administradora, especialista em gestão escolar, mídias sociais, mestranda em ciências da educação, escoteira, palestrante e mentora com mais de 30 anos de experiência na educação, dedicou-se a transformar a aprendizagem em uma experiência alegre e significativa para seus alunos. Acredita que educar é um ato de coragem e amor, que deve ser vivido com liberdade e criatividade. Contato: espacodeaprendizagemintegrada@gmail.com

Paula Rocha

Editora chefe do Jornal Diário do Entorno

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