Coluna Crônicas da Cidade

Tem tigrinho no jogo do bicho

Coluna Crônicas da Cidade com Thiago Maroca

Acompanhando as notícias, vejo que tem uma influencer que o sucesso dela vem de ser casada com um fracassado cantor sertanejo que virou um sucesso no funk além ficar seduzindo com uns looks digamos, extravagantes e mandar o povo jogar o jogo do tigrinho. Ela diz que o povo joga porque quer mas como não jogar se na propaganda dela, ela tá ganhando o tempo todo? Já tem uma galera que diz que o jogo certo é apostar em jogo com a tal das bets, colocar dinheiro em vitória de time, tem gente com mais fé no flamengo do que no santo. Meu amigo, eu fui torcedor do Vasco por quase duas décadas ( agora torço pelo fim do conflito na Palestina), eu sou fã de bandas emo, eu sei o que é perder e sofrer. O único jogo que eu faço é na loteria, de vez em quando porque já estou desconfiando de não ter nenhum conhecido milionário em tantos anos, ou podem estar me escondendo com o intuito de não me verem entrar em depressão. 

Meu pai passou a vida jogando dominó, truco, bozó, dama, bocha, sinuca e o que mais aparecesse no bar. Não posso negar, sorte ele tinha, mas sempre dobrava a aposta e perdia tudo. Depois veio a época das máquinas caça níquel, em funcionamento até hoje em alguns lugares, coisa sigilosa, não vem me perguntar onde tem porque eu escrevo em um jornal, fica mal pra mim. Me chama no canto que eu te levo. No início dos anos 2000 o bingo achou uma brecha e invadiu todos os lugares possíveis em Valparaíso de Goiás, saíram das feiras e tomaram os salões com cores, música, drinks e até manobrista, a classe média brasiliense pela primeira vez saiu do plano com o desejo se divertir e ao invés de ir atrás de farinha. Mas logo depois foi tudo proibido, os espaços foram substituídos por igrejas pentecostais, que também mexem com dinheiro mas sem precisar declarar e nem apostar, tudo na legalidade. Também não tenho nenhum amigo milionário com a teologia da prosperidade.

O brasileiro tem um adesivo reluzente na testa que está escrito “me engane”,  Compram chá emagrecedor, investem em avestruz, produtos milagrosos, pirâmides de todos os tipos com e sem Cleópatra. Sorteios de carros importados que só estão no anúncio. A minha primeira decepção foi comprar figurinhas para completar um álbum e não ganhar uma televisão, só ganhei uma caneca do Criciúma. Mas na verdade, a gente coloca as nossas poucas economias na fé, porque a realidade é dura demais e precisamos sonhar. O problema está em achar que sucesso e riqueza vai brotar em aplicativo fraudulento. 

Eu vou terminar esse texto com um conselho, se você quer prosperar e ficar rico apostando, joga no bicho. O jogo do bicho paga até no feriado e tudo em papel. Gente do bem, bicheiro é um senhor do bairro despido de vaidade que até seu sonho interpreta. Máximo respeito aos bicheiros desse país. Se tivéssemos esse homem que não falta um dia de trabalho, atuando na economia brasileira, já estaríamos tomando café e comendo carne todos os dias. Pode apostar

Beijo 

Thiago Maroca é escritor, membro da Academia Valparaisense de Letras, produtor audiovisual, mestre em educação, escoteiro, pai do Théo e uma meia dúzia de coisas que não cabem nesse espaço. Manda um OI:@thiagomaroca/thiagomaroca@gmail.com.

 

Paula Rocha

Editora chefe do Jornal Diário do Entorno

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