Coluna Crônicas da Cidade

Feriado é bom e todo mundo gosta

Crônicas da Cidade com Thiago Maroca

Tipo paçoca, as pessoas podem não gostar de amendoim, mas paçoca é um doce universal. Nesse formato podemos comparar os feriados como itens essenciais a mesa do brasileiro, como batata, pão, vela de 7 dias, arroz, parente sem noção, tomate, banana, garrafa de água na geladeira, cachorro vira lata, camisa de time, toalha em forma de pano de chão… Uma infinidade de coisas que só as pessoas que possuem sabem o valor delas.   

No feriado a gente visita o parente, arruma um canto para tomar um banho de piscina de cachoeira, faz um churrasquinho, uma comida na lenha, faz um intensivão de artesanato que só vai durar o feriado, lava a casa de cima a baixo. A classe média se compadece e da até folga para a empregada. Mesmo eles não sabendo fazer nada e nem onde estão as coisas, os patrões vivem um dia de selvageria tendo que se virar dentro de suas casas. Já os mortais, que somos nós e dependemos do emprego, às vezes temos pena do patrão e aceitamos o convite de visitá-los no dia de folga com a intenção de sermos tratados como visitas e assim iniciarmos uma amizade. Já lhe adianto que isso não existe, só quem lhe ama é Jesus e olha o que fizeram com ele. Inclusive o feriado é por sua causa. Um salve para o catolicismo.

Assim como o carnaval que a gente se prepara para brilhar na avenida, na semana santa a gente viaja ou se esconde em algum lugar mais tranquilo. A reflexão sobre a vida de Cristo faz parte desse momento, mas, malhar o Judas e emendar com um churrasco, acordando com um chocolate recebido por alguém que gostamos é de um prazer único. Aqui em casa fizemos as patinhas, escondemos os ovos, tudo para alimentar a imaginação da criançada. Na mente fértil deles, só o coelho da páscoa põe ovo de chocolate, os demais ovos são responsabilidade das galinhas. 

Muitos pequenos comerciantes reclamam dos feriados, pois a folha de ponto continua a mesma, e a porta fechada não dá movimento. Deixo um conselho que aprendi quando empreendi, metade do tempo que captamos nossos clientes é modo on-line em boa parte das empresas. Não é solução para todos, mas com certeza ajuda e muito a acharem seu negócio. Os vigilantes, enfermeiros, policiais e operadores de câmara vivem de escala, assim como milhares de profissionais. Já a classe política emenda feriadão o ano inteiro porque trabalham de terça a quinta. E eles também reclamam por que não recebem o vale-alimentação do mês todo. 

Três semanas seguidas com um feriado é a prova de que a gente merece viver ao invés de morrer tentando ganhar um pouco mais. Nós precisamos urgente reduzir a escala de trabalho, o tempo gasto entre o trajeto casa e emprego, termos hortas comunitárias, mais plantas frutíferas nos bairros, mais espaços públicos de lazer. Sei que idealizo um pouco, mas se a gente puder aproveitar o feriado já é um bom começo.

Beijo, gente!

Fui!

Thiago Maroca é escritor, membro da Academia Valparaisense de Letras, produtor audiovisual, fotógrafo, mestre em educação, escoteiro, pai do Théo e uma meia dúzia de coisas que não cabem nesse espaço.

Manda um OI: @thiagomaroca/thiagomaroca@gmail.com

Paula Rocha

Editora chefe do Jornal Diário do Entorno

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